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sábado, 30 de outubro de 2010

Mochilas

Havia mochilas.
Mochilas verdes,
com estampa xadrez,
multicoloridas e de bolinhas,
ao gosto do freguês.

Havia pretas,
Havia brancas
elas tinham cores,
agradáveis de olhar,
não guardavam dores.

Ela não as queria.
Não
Ela amava a rota,
a que jazia, marota,
amarrotada no chão.

Suja, cores feias,
presas com alfinetes, palavras,
o excesso de informação matraqueia,
cansa só de olhar.

Vazia de beleza,
mas em memórias jaz embebida.
Era ela,
em tecido cerzida.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

fly, butterfly, just go away

 Eram oito e meia, estavam juntos desde as duas, tudo passara rápido, demasiadamente rápido.
 "Pare aqui, não tens que ir até lá embaixo em minha casa." disse meio que tentando se preservar, parecendo que queria preservá-lo.
 "HAHA, não posso eu roubar mais três minutinhos de seu precioso tempo?"
 Quem era ela diante daquele sorriso estonteante? Não pode fazer nada além de ceder.
 Ela amava ficar perto dele, a ele ela também era bastante agradável, o que a incomodava eram aquelas borboletas que roçavam aquelas pequenas asinhas no interior de seu estômago e forçavam sua saída por seu esôfago, com aquelas patinhas minúsculas. Ela tinha só o medo de deixá-las sair.
 Ele olhava aquela expressão insondável naquelas feições delicadas, de certa forma, não saber o que ela pensava potencializava tudo: a adrenalina de não saber por que, o desafio de entendê-la. Ele só a queria.
 O carro desceu a rua suavemente e finalmente o movimento cessou, ela se despediu rapidamente com um beijo no rosto e saiu. Ele queria segurá-la, puxá-la de volta, e se ela sequer tivesse olhado para trás por um instante é o que ele teria feito.
 O que ele não sabia era que ela observava sua luta interna por trás das cortinas da sala, com a luz apagada, desejando que ele fizesse o que queria.
 Finalmete se decidiu por deixá-la esperar mais um pouco, ele queria certezas. Parou de encarar a casa escura e deixou-a sozinha com seus desejos, medos e dúvidas. Foi-se, carregando o seu próprio fardo.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Liberdade

 Ela era leve.
 Ela era tão leve quanto os fios de seda que ela jogara ao vento, não só leve, ela era livre. Ser livre não é não ter restrições, cobranças ou responsabilidades, é ter tudo isso e não se importar com nada.
 De seus músculos doloridos por exercício indiscriminado à pele queimada, à voz rouca, ela sentia tudo, nada era incomodo... era delicioso. Gritaria e correria, seria chamada de louca, sem se importar.
 As folhas nas árvores na frente da sua casa nunca foram tão lindas: elas transpiravam vida, as flores naquela árvore eram do purpura mais intenso que seus olhos esperimentaram, e o céu... Aaah, o céu! Ela era o céu. Ela era tudo entre ele e aquela árvore, ela sentia a brisa naquelas folhas, ela era as flores que desabrochavam. Ela não deixara seu corpo, ela apenas se sentia mais, ela era tudo, mas nada a pertencia só fazia parte dela.
Sentia tudo e não sentia nada, ela flutuava sobre todos os demais. Ela realmente vivia. Hiperpotente e onisciente, sabendo de tudo, sem ser afetetada. Ela era Deus. Ou pelo menos era assim que ele deveria se sentir, se é que existia.
 Não havia nem as palavras, havia Ela. Puramente ela.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

And from hell they came

Dez meses em duas horas. O que sobrou, na escuridao, gritava para ninguem em lugar algum. De qualquer plano estava fora, o descaso com os outros desprezava a si mesmo.

Ja nao havia dor, desespero ou rancor, porem se fora o amor, a alegria e qualquer calor. Nem fome, nem frio a esperavam. Mas sua razao mal funcionava, pois ate pensar lhe levava as lagrimas. Aquelas coisas cheias de significado  nao tinham investigador.

O monstro disfacado em setas e numeros lentamente a consumira, a lhe ceifar. Agora ela era uma maquina, e nem de longe isso era tao bom quanto imaginara.

A unica coisa que havia sobrado para sentir era o desespero do fato de nao ser o centro do mundo de ninguem, nem dela mesma.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tonight is the night, and it's gonna happen again, again and again

 "Noooooossa, o seu esmalte e muito legal, professora."


 Se havia algo que ela não gostava era quando aquela garota falava, os comentários eram pura perda de tempo, o tipo de coisa que se comenta por falta de assunto ou, no caso, pelo prazer de ter 4O pessoas olhando. Ela odiava ouvir ignorantes falarem, mas antes as palavras vazias, do que o silencio.

 Era no silencio que eles a atormentavam. As duvidas, as coisas mal resolvidas, os arrependimentos por não ter feito... Ela os remoia de boca fechada.

 "Hei, estas tão calada hoje! Triste?" Ela, tão falante, quando quieta era facilmente notada.

 "Não, só perdida em pensamentos..." Se encontrava absorta em um de seus maiores prazeres: imaginar coisas antes de elas se concretizarem.

 "HAHA, pensando no namorado, hm?" Errr, namorado... Como se ela realmente quisesse um tolo obsessivo que quer ficar grudado nela infindavelmente. Não que ela não tivesse desejos, ou não se apaixonasse, é que as coisas pra ela corriam de um jeito mais rápido do que pro resto dos seres humanos comuns. Uma paixão, da mais ardente que fosse nunca durou o suficiente para querer um namoro, ela enjoava de tudo em um piscar de olhos, enjoava ate de si mesma.

 "Hm, não, sem namorados...”.

 "Uaaau, você não tem namorado? Eu não sabia!" Os olhos dele já brilhavam e ela pressentia as coisas desagradáveis de sempre. Ele começaria a querer conversar com ela demais, pagaria as coisas para ela, e finalmente, a chamaria para sair, ela passava demasiado tempo sentindo dó de machucá-lo para recusar qualquer um desses sinais, mesmo sabendo o que significavam, sairia com ele, e bem... Na hora que ele tentasse a beijar ela viraria o rosto, como já havia feito com mais de um cara anteriormente, pois todos os caras de quem ela realmente gostava não caiam em seu jogo, e, Deus, ela não queria mais aquilo em sua vida, mas inevitavelmente se repetia, de novo e de novo. Porque ela não podia gostar de algum dos caras que a chamam para sair? Seria tão mais simples e indolor... Ela clamava por confundir atração com paixão e terminar com um cara que gostasse dela, uma relação onde ninguém se machucaria, afinal ela não gostava tanto quanto pensou e ele gostava tanto quanto ela. Isso seria ótimo. Por agora se contentaria com paixões platônicas não correspondidas.

 Alias, ela já sentia uma chegando, e essa seria dolorida.

 O cara era um daqueles, parte dos 95% do circulo social dela, a parte que tanto faz se vive ou se morre. Normal, ate que, então ela veria que ele tinha dentes lindos (ela tinha certo fetiche por dentes), veria o quão fácil era falar com ele (pois ele era muito inteligente), sentiria uma vontade incontrolável de sentir a textura da pele dele (por um breve instante, que fosse), antes de dormir, lembraria do perfume que ele usa, e enfim, desejaria seus braços em volta dela nas tardes frias. Pronto, encrenca armada, ela se traíra mais uma vez.

 Perto dele os silêncios eram pacíficos, se lembrasse dos seus olhos ela dormia em paz, envolvida no seu cheiro não havia onde doesse. Ela já o observara infinitamente, sabia do que ele gostava e sabia que era dela. Mas ele achava que eram amigos, afinal ela sempre foi tão leve e divertida com todos, sem mostrar um traço de interesse sequer, ele não arriscaria aquilo, não agora que eram tão próximos, ele tinha medo de se machucar. Oh, como ela odiava orgulho de macho!

 Então começariam os joguinhos! A melhor parte de qualquer relacionamento era isso: os jogos de conquista, ela jogava bem. O cercava e manipulava, ele mal sabia o que fazer. Ele estava aos pés dela e depois... Acabava, era o fim quando ele só saia de casa com ela e esperava isso de volta, ligava na casa dela e queria ficar horas pendurado ao telefone, e, blergh, queria apresentá-la aos pais dele (isso era o extremo desastre), quando ficava insuportável ela terminava, geralmente em duas ou três semanas, nada a mais do que isso.

 E então ela sofria, pois se sentia suja e superficial, mas acontecia de novo, de novo e de novo e nunca iria terminar. Pelo menos e o que ela pensava ate aquele momento.

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