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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tonight is the night, and it's gonna happen again, again and again

 "Noooooossa, o seu esmalte e muito legal, professora."


 Se havia algo que ela não gostava era quando aquela garota falava, os comentários eram pura perda de tempo, o tipo de coisa que se comenta por falta de assunto ou, no caso, pelo prazer de ter 4O pessoas olhando. Ela odiava ouvir ignorantes falarem, mas antes as palavras vazias, do que o silencio.

 Era no silencio que eles a atormentavam. As duvidas, as coisas mal resolvidas, os arrependimentos por não ter feito... Ela os remoia de boca fechada.

 "Hei, estas tão calada hoje! Triste?" Ela, tão falante, quando quieta era facilmente notada.

 "Não, só perdida em pensamentos..." Se encontrava absorta em um de seus maiores prazeres: imaginar coisas antes de elas se concretizarem.

 "HAHA, pensando no namorado, hm?" Errr, namorado... Como se ela realmente quisesse um tolo obsessivo que quer ficar grudado nela infindavelmente. Não que ela não tivesse desejos, ou não se apaixonasse, é que as coisas pra ela corriam de um jeito mais rápido do que pro resto dos seres humanos comuns. Uma paixão, da mais ardente que fosse nunca durou o suficiente para querer um namoro, ela enjoava de tudo em um piscar de olhos, enjoava ate de si mesma.

 "Hm, não, sem namorados...”.

 "Uaaau, você não tem namorado? Eu não sabia!" Os olhos dele já brilhavam e ela pressentia as coisas desagradáveis de sempre. Ele começaria a querer conversar com ela demais, pagaria as coisas para ela, e finalmente, a chamaria para sair, ela passava demasiado tempo sentindo dó de machucá-lo para recusar qualquer um desses sinais, mesmo sabendo o que significavam, sairia com ele, e bem... Na hora que ele tentasse a beijar ela viraria o rosto, como já havia feito com mais de um cara anteriormente, pois todos os caras de quem ela realmente gostava não caiam em seu jogo, e, Deus, ela não queria mais aquilo em sua vida, mas inevitavelmente se repetia, de novo e de novo. Porque ela não podia gostar de algum dos caras que a chamam para sair? Seria tão mais simples e indolor... Ela clamava por confundir atração com paixão e terminar com um cara que gostasse dela, uma relação onde ninguém se machucaria, afinal ela não gostava tanto quanto pensou e ele gostava tanto quanto ela. Isso seria ótimo. Por agora se contentaria com paixões platônicas não correspondidas.

 Alias, ela já sentia uma chegando, e essa seria dolorida.

 O cara era um daqueles, parte dos 95% do circulo social dela, a parte que tanto faz se vive ou se morre. Normal, ate que, então ela veria que ele tinha dentes lindos (ela tinha certo fetiche por dentes), veria o quão fácil era falar com ele (pois ele era muito inteligente), sentiria uma vontade incontrolável de sentir a textura da pele dele (por um breve instante, que fosse), antes de dormir, lembraria do perfume que ele usa, e enfim, desejaria seus braços em volta dela nas tardes frias. Pronto, encrenca armada, ela se traíra mais uma vez.

 Perto dele os silêncios eram pacíficos, se lembrasse dos seus olhos ela dormia em paz, envolvida no seu cheiro não havia onde doesse. Ela já o observara infinitamente, sabia do que ele gostava e sabia que era dela. Mas ele achava que eram amigos, afinal ela sempre foi tão leve e divertida com todos, sem mostrar um traço de interesse sequer, ele não arriscaria aquilo, não agora que eram tão próximos, ele tinha medo de se machucar. Oh, como ela odiava orgulho de macho!

 Então começariam os joguinhos! A melhor parte de qualquer relacionamento era isso: os jogos de conquista, ela jogava bem. O cercava e manipulava, ele mal sabia o que fazer. Ele estava aos pés dela e depois... Acabava, era o fim quando ele só saia de casa com ela e esperava isso de volta, ligava na casa dela e queria ficar horas pendurado ao telefone, e, blergh, queria apresentá-la aos pais dele (isso era o extremo desastre), quando ficava insuportável ela terminava, geralmente em duas ou três semanas, nada a mais do que isso.

 E então ela sofria, pois se sentia suja e superficial, mas acontecia de novo, de novo e de novo e nunca iria terminar. Pelo menos e o que ela pensava ate aquele momento.

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